Projeto recebe Prêmio Santander Universidade Solidária

O trabalho exercido pelo projeto "Reestruturação Produtiva de Farinheiras Comunitárias no Litoral do Paraná" nas comunidades foi reconhecido nacionalmente devido ao Prêmio Santander Universidade Solidária.

No fim de novembro, 24, aconteceu em São Paulo a premiação do banco espanhol em conjunto com a Unisol, buscando incentivar divulgar  estudos universitários de ação comunitária focados em desenvolvimento sustentável, com ênfase em  geração de renda. Dentre os 5.271 inscritos de todo o país, o projeto foi um dos 20 ganhadores, garantindo R$ 50 mil em recursos para o continuamento das ações.

"O projeto existe há três anos. Esse prêmio demonstra que estamos caminhando bem", afirmou Valdir Frigo Denardin à Assessoria de Comunicação da UFPR. "Esses recursos vêm em boa hora. Vamos utilizá-los no próximo ano, em ações de suporte e aquisição de equipamentos, para dar continuidade ao trabalho”, disse.

Comunidade de Potinga - Guaraqueçaba

A farinheira de Potinga pode atender a duas comunidades: a de Potinga e Rio do Cedro. Ao
todo essas duas comunidades têm 160 famílias, que obtêm suas rendas principalmente da
produção de farinha de mandioca e cultivo da banana. Nessa região existe uma associação
comunitária que atua desde 1997, com total de 30 famílias associadas, a qual sempre solicitou junto aos órgãos públicos, principalmente prefeitura, várias melhorias na comunidade como a coleta de lixo, telefone, água encanada, entre outros.
Entre os anos de 2006 e 2007 houve uma tentativa da Associação Comunitária em
reestruturar a farinheira, a comunidade realizou várias reformas, todas com recursos próprios. Entretanto não conseguiram adequá-la às normas da vigilância sanitária e por falta de recursos não terminaram as reformas. Essa farinheira, apesar de estar em boas condições, nunca foi usada. Atualmente a equipe está em fase de aproximação nessa comunidade.

Comunidade de Açungui - Guaraqueçaba

A comunidade de Açungui possui cerca de 150 habitantes, distribuídos em total de 45
residências. Os moradores dessa comunidade têm sua renda proveniente principalmente do cultivo da banana e da mandioca, esta é vendida principalmente em forma de farinha. Apesar disso, a venda da banana não provê a necessidade e o potencial econômico (e
cultural) da comunidade, pois além do baixo preço, a comunidade não produz em grande
quantidade. Os moradores também cultivam outros produtos e criam animais principalmente para o consumo próprio.
Em Açungui inicialmente foram feitas visitas para reconhecimento e aproximação da comunidade e algumas conversas informais com os moradores. Realizaram-se várias reuniões para apresentar o projeto, a equipe, sensibilizar os agricultores sobre a importância do associativismo e busca de ações coletivas para a reestruturação e adequação da farinheira. A comunidade sentiu a necessidade de reativar a antiga associação de moradores e contou com a equipe do projeto no acompanhamento deste processo. A comunidade de Açungui está bem receptiva com a equipe do projeto, se mostrando bastante interessada e participativa. Atualmente estão sendo organizados mutirões para fazer algumas das reformas finais necessárias na farinheira.

Comunidade de Riozinho - Guaratuba

Guaratuba, cidade litorânea do estado do Paraná, é a sede da comunidade rural “Colônia Riozinho”, onde vivem aproximadamente 29 famílias. Distante cerca de 38 km do centro da cidade, o acesso à comunidade se dá por terra (por uma estrada de 16 km de estrada de terra) e por água (pelo Rio São Joãozinho - um dos rios que desembocam na Baía de Guaratuba). Como benfeitorias, a comunidade conta com 42 casas (sendo sete de turistas), seis farinheiras particulares e uma comunitária, escola, campo de futebol, dois bares, um restaurante, uma pousada, dois portos de onde partem as canoas para pescaria ou transporte, cemitério, duas igrejas e um salão paroquial, e área para plantação.
Os moradores contam que os antepassados viviam basicamente do cultivo (principalmente da mandioca e do arroz), da pesca e da caça, atividades que atualmente têm intensa limitação dos órgãos e leis ambientais, sendo que, o cultivo, também sofre limitação pela falta de terras para o plantio. Hoje em dia, grande parte das pessoas da comunidade complementa a renda ou vive do cultivo da mandioca, o que denota a dependência que esta e as antigas gerações tiveram e ainda têm com a terra. As áreas que estas famílias dispõem para plantar estão cada vez menores, pois antes não existia qualquer restrição ao uso das terras adjacentes à comunidade, inclusive no plantio de arroz, que era feito em áreas longínquas ao Riozinho. Os moradores contam que um dos motivos do abandono desta modalidade de cultivo foi a aquisição das áreas onde plantavam (próximas à comunidade do Cubatão) por terceiros e a consequente proibição do uso das mesmas. Outro fato que limitou as áreas para plantio foi a chegada da empresa Comfloresta, que se estabeleceu contiguamente à comunidade e negociou porções de terra com os moradores, porém, a parte a que lhes foi atribuída contém uma considerável área alagada em que não é possível cultivar. Vale ressaltar que alguns moradores (como exemplo o Sr. Olandir) afirmam que a empresa, caso solicitada, cede pequenas porções de terra para plantio, porém, por apenas alguns anos, o que ajuda, mas não mantém a sustentabilidade da cultura da lavoura pela comunidade. Uma outra condição (cada vez mais crescente) que afeta as áreas de plantio é o crescimento do número de famílias, uma vez que as áreas negociadas há aproximadamente três décadas eram suficientes para atender o número de famílias de então, mas, atualmente, esta porção não permite que as famílias possam plantar tanto quanto gostariam ou poderiam. A pouca quantidade de terra também não permite que se mantenha a prática do “pousio” - técnica comumente usada pelos antigos moradores de todo o litoral que consiste em, após a colheita, deixar que a terra repouse e crie vegetação natural (sem plantações) por alguns anos, para que o solo se fortaleça e ofereça melhores condições de plantio. O cultivo realizado no Riozinho tem dois aspectos culturais muito marcantes: a prática do mutirão e a roça coletiva. A primeira, denominada pelos moradores de “guajú”, consiste na união dos agricultores para o trabalho na roça de determinado morador em um dia e na roça de algum outro morador n’outro dia, e assim os moradores se ajudam para plantar e colher. A roça coletiva, por sua vez, trata-se de uma especificidade do cultivo no Riozinho, pois naquela comunidade os moradores fazem suas plantações em uma área sem demarcações entre uma roça e outra.